O Brasil atualmente é considerado o segundo país que mais transplanta órgãos no mundo, e, mesmo assim, cerca de 41 mil pessoas estão atualmente na lista à espera de um órgão. É de conhecimento que esse número alto de pacientes se deve às dificuldades atreladas a esse processo, como o baixo número de doadores e possíveis rejeições por parte do organismo do paciente.
Existe, no entanto, uma nova área de pesquisa emergindo dentro da biotecnologia e que tem como objetivo facilitar esses processos: a bioimpressão. Mas o que é a bioimpressão? Consiste basicamente na criação de órgãos, tecidos, válvulas e cartilagens artificiais a partir de células e outros materiais biológicos com a utilização de impressoras 3D, com a finalidade futura de serem transplantados em animais e humanos.
A ideia do desenvolvimento artificial de tecidos é algo que existe dentro da ciência desde 1964, tendo como principal objetivo a substituição do coração humano. Isso se deve ao fato de que o coração é o órgão que mais se desgasta durante a vida. Entretanto, apenas agora essa ideia vem sendo melhor desenvolvida, e, mesmo em fase de estudos e testes, já é possível dissertar sobre os importantes avanços adquiridos, futuras perspectivas e vantagens significativas que esses estudos podem trazer para sociedade.
A base inicial da bioimpressão é a retirada de células do próprio paciente através de uma biópsia, seguida de um processo de proliferação celular em uma incubadora, simulando a temperatura do organismo e, por fim, a impressão, na qual esse conjunto de células é colocado na impressora junto de biotinta. Assim, ocorre a criação de um órgão ou tecido, evitando uma possível rejeição. Todo esse processo já é uma realidade dentro da ciência, indicando um grande avanço para a saúde!
Ainda assim, apesar do sucesso, há diversas questões importantes quando se trata de bioimpressão. Esses desafios incidem nas mais diversas áreas que envolvem esse processo, como problemas tecnológicos, biológicos, químicos, físicos, materiais, éticos e de regulamentação.
Os desafios tecnológicos consistem nos diversos softwares necessários para realizar a bioimpressão e a dificuldade de acesso a esse tipo de tecnologia. Os desafios biológicos estão envolvidos nas áreas de atuação da biomedicina, como a biologia celular e molecular, uma vez que o entendimento completo sobre a complexidade dos sistemas biológicos, células especializadas do tecido, interações moleculares, processo regulatórios e metabólicos, é imprescindível. Além disso, é indispensável que o órgão criado seja vascularizado, para que não ocorra morte celular, no entanto, apesar de existirem técnicas de impressão para recriar a vascularização, a rede de vasos sanguíneos é muito complexa, implicando mais desafios.
Além disso, o material celular utilizado na bioimpressão, possui uma certa sensibilidade ao estresse mecânico, logo, ao passar pela impressora, é possível que ocorram mudanças estruturais importantes. Ainda é possível citar os problemas éticos e legais que envolvem políticas públicas de classificação, padronizações, aprovações, licenciamentos e regulações para que nenhum indivíduo seja lesado ou prejudicado nesse processo.
Apesar de todos os desafios e dificuldades, a bioimpressão tem como objetivo facilitar tratamentos e cirurgias de transplante, a fim de trazer uma possibilidade de cura para diversos pacientes. Portanto, considerando a ascensão dessa tecnologia, é possível reconhecer que ainda há diversos caminhos a serem explorados e descobertos, podendo ser considerada como uma possibilidade de um novo tratamento na saúde.
Está gostando do texto? Cadastre-se para receber notificações pelo e-mail toda vez que fizermos um novo post!