No dia primeiro de julho, comemoramos o Dia da Vacina BCG, data que marca o ano de criação dessa essencial vacina. A BCG é nossa principal aliada na luta contra a tuberculose, uma doença que afeta principalmente os pulmões, mas também pode comprometer outros órgãos e, em casos mais graves, pode ser fatal. Além de sua eficácia na prevenção da doença, a vacina BCG é conhecida por deixar uma cicatriz vacinal no local de aplicação, geralmente no braço direito. Apesar de sua importância, ainda são necessárias campanhas de conscientização para promover a adesão à vacina, uma vez que novos casos da doença continuam sendo registrados anualmente.
A BCG é utilizada há mais de cem anos, tendo sua primeira aplicação datada em 1921. Foi criada pelos franceses Camille Guérin e Albert Calmette, no instituto Pasteur, a partir de bactérias atenuadas causadoras da tuberculose bovina. Inicialmente, a vacina foi testada em animais, nos próprios criadores e, posteriormente, em crianças. Com sua eficácia comprovada, o Instituto Pasteur começou a produção em massa da vacina e, durante o período de 1924 a 1928, 114.000 crianças foram vacinadas sem complicações graves. Nos anos que se seguiram, diversas organizações de países diferentes começaram a produzir e distribuir a vacina.
Nos dias atuais, existe uma variedade de tipos da vacina BCG, todos eles com eficácia comprovada, mas diferindo no método de produção e mecanismo de ação. Os maiores centros de produção estão localizados na França, no já citado instituto Pasteur, na Dinamarca, no Instituto Serum State, e no Japão, no Laboratório BCG. Já aqui no Brasil, existe uma fábrica produtora da vacina que está com a produção interrompida há alguns anos, sendo que as doses aqui administradas são todas importadas.
Uma curiosidade sobre a vacina BCG é que ela é aplicada superficialmente, logo abaixo da pele, ao contrário da maioria das vacinas que são aplicadas no músculo. Após ser administrada, a BCG contém uma versão enfraquecida da bactéria que causa a tuberculose, a qual entra em contato com o sistema imunológico do corpo. Esse encontro desencadeia uma série de reações em nosso sistema de defesa, resultando na criação de anticorpos que reconhecem e combatem a bactéria. Essa resposta imunológica também leva à formação de células de memória, que nos protegerão de infecções futuras de forma mais rápida e eficiente.
Apesar de ser uma doença tratável, a tuberculose continua a ser responsável por mais de 2 milhões de mortes todos os anos, o que demonstra seu grau de periculosidade. Já se comprovou que a vacina BCG protege contra as formas mais graves da tuberculose, mas seu efeito contra a forma leve ainda está sendo pesquisado. Outro efeito comprovado da vacina é a proteção do rebanho, que é resultado da imunização da maioria da população e tem como efeito a uma maior proteção coletiva, mesmo para indivíduos que não puderam ser imunizados. Isso acontece porque, com muitas pessoas imunizadas, dificulta-se a circulação da bactéria, o que diminui as chances de alguém não imunizado ser infectado.
A tuberculose é causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (Mtb), sendo propagada através de gotículas de saliva e por outras vias aéreas de contaminação e, após se instalar no indivíduo, começa a causar danos em seu organismo. Inicialmente, causa tosse, febre, perda de peso e cansaço e, conforme evoluiu, pode causar intensa perda de ar, acúmulo de secreção no pulmão e inchaço dos gânglios. Seu tratamento é feito com uso de antibióticos e é ofertado de forma gratuita no Sistema Único de Saúde (SUS).
O bacilo de Kock, como também é chamado a Mtb, foi descoberto em 1882 por Robert Koch, um pesquisador e bacteriologista alemão que teve seu nome dado à bactéria como homenagem. Seu descobrimento foi fundamental para que a vacina fosse desenvolvida e lhe garantiu um Prêmio Nobel de Medicina em 1905. Graças a essa descoberta, foram desenvolvidas pesquisas investigando os mecanismos patogênicos da doença, assim como, formas de tratamento e profilaxia.
Em 1974, a vacina BCG entrou para o calendário de vacinação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e, no Brasil, se tornou obrigatória a partir de 1976. Hoje, seguindo o Calendário Nacional de Vacinação, as primeiras vacinas dadas aos recém nascidos são a BCG e a vacina contra Hepatite B. A BCG deve ser aplicada logo após ao nascimento e pode ser utilizada em crianças de até 5 anos e em casos de indivíduos que tiveram contato intradomiciliar com pacientes com hanseníase. Seu uso é contraindicado em indivíduos maiores de 5 anos portadores do vírus HIV ou que apresentem sinais de imunodeficiência e em crianças com peso inferior a 2 quilogramas. A vacinação é oferecida gratuitamente nas unidades básicas de saúde do Brasil.
Referências utilizadas no texto:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/vigilancia032.pdf
https://www.tandfonline.com/doi/epdf/10.1080/003655401753382576?needAccess=true&role=button
https://www.maedica.ro/articles/2013/1/2013_Vol8(11)_No1_pg53-58.pdf
https://www.who.int/pt/news-room/feature-stories/detail/how-do-vaccines-work
https://bvsms.saude.gov.br/01-7-dia-da-vacina-bcg-4/
https://www.bahia.fiocruz.br/especial-dia-da-vacina-bcg-1o-de-julho/
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