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A Importância da Microbiota para o Corpo Humano

 

No início da vida, nosso primeiro encontro com microrganismos ocorre através dos lactobacilos presentes no canal vaginal da mãe. Esses microrganismos estabelecem residência no intestino do feto e, à medida que respiramos e nos alimentamos, mais desses micróbios do ambiente são introduzidos em nosso organismo. Ao longo do tempo, uma variedade de bactérias começa a residir em nosso corpo, permanecendo conosco por toda a vida.

 

Surpreendentemente, nosso corpo típico abriga cerca de 10 vezes mais células bacterianas do que células humanas. Essas bactérias, que coexistem em harmonia conosco sem causar doenças, constituem o que chamamos de microbiota normal. Enquanto isso, aquelas que aparecem por um período específico e depois desaparecem são classificadas como microbiota transitória. É importante ressaltar que esses microrganismos não se distribuem uniformemente em nosso corpo, mas estão localizados em regiões específicas, influenciadas por diversos fatores, incluindo nutrientes, pH, disponibilidade de oxigênio e dióxido de carbono, entre outros.

 

Mas por que esses microrganismos são tão essenciais para nossa saúde? A microbiota normal desempenha um papel crucial na prevenção do crescimento de microrganismos potencialmente perigosos, oferecendo benefícios significativos para o hospedeiro. Este fenômeno é conhecido como antagonismo microbiano ou exclusão competitiva, no qual micróbios patogênicos competem com a microbiota normal por nutrientes, alterando o ambiente através de mudanças no pH e na disponibilidade de oxigênio, além de produzir substâncias prejudiciais aos invasores. Quando esse equilíbrio é perturbado, podem surgir doenças.

 

Assim, a relação entre a microbiota normal e o hospedeiro é melhor compreendida como uma simbiose, uma interação onde pelo menos um dos organismos depende do outro. Essa simbiose se manifesta de diversas formas, como: 

  • Comensalismo, em que um organismo obtém benefícios e o outro não é afetado, como ocorre com a bactéria Staphylococcus epidermidis na pele;
  • Mutualismo, no qual ambos os organismos se beneficiam, como entre a bactéria E. coli e o intestino grosso;
  • Parasitismo, quando um organismo beneficia-se às custas do outro, como a relação entre as partículas virais H1N1 e células hospedeiras.

Em resumo, a microbiota normal pode ser considerada um componente fundamental da imunidade inata, uma vez que desempenha um papel crucial na prevenção da colonização de patógenos no hospedeiro por meio da competição. Compreendendo a importância desses microrganismos para nossa saúde, o interesse pelo estudo e uso de probióticos está em ascensão. Os probióticos, que são culturas microbianas vivas, podem ser consumidos para promover efeitos benéficos em nosso organismo. Além disso, os prebióticos, substâncias químicas que promovem o crescimento de bactérias benéficas, podem ser ingeridos em conjunto com os probióticos. Portanto, é fundamental reconhecer e preservar os microrganismos presentes em nossa microbiota para garantir nosso bem-estar a longo prazo.

 

 

Referências utilizadas no texto:

  1. Tortora, Gerard, J. et al. Microbiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (12th edição). Grupo A, 2017.
  2. Black, Jacquelyn, G. e Laura J. Black. Microbiologia – Fundamentos e Perspectivas. Disponível em: Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2021.

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